top of page

Explosão de Rosa: Uma análise sobre Barbie.

  • podcastdepoisdoscr
  • 14 de ago. de 2023
  • 4 min de leitura

Atualizado: 31 de ago. de 2023


Por Nathalie Fernandes


No dia 20 de julho o mundo foi tomado pela cor rosa com o lançamento do live action de Barbie. Dirigido por Greta Gerwig, também diretora de Lady Bird e Adoráveis Mulheres, protagonizado por Margot Robbie (Barbie Estereotipada) e Ryan Gosling (Ken). Além disso, traz vários artistas conhecidos como a Dua Lipa, interpretando a Barbie Sereia, John Cena, o Ken Tritão, Simu Liu, Emma Mackey e Connor Swindells.





O momento mais interessante foi o consenso geral de usar rosa para assistir ao filme, da criança ao idoso, todos, principalmente as mulheres, se divertiram com essa brincadeira que tomou proporções gigantescas fazendo com que caixas da boneca fossem disponibilizadas em tamanho real em vários locais, para que todos tirassem fotos. O destaque maior vai para as mulheres, pois o sentimento de se sentir uma Barbie e, mesmo por alguns segundos, se tornar uma traz várias lembranças e até mesmo sonhos se tornassem realidade. Quem nunca quis ser tudo o que a Barbie é?


A boneca mais famosa e mais amada do mundo lotou sessões em vários países, tornando-se a maior estreia do ano. Mas o que o filme traz de tão importante a ponto de fazer as salas de cinema continuarem cheias e a moda rosa não cessar mesmo após semanas do lançamento?


Tudo começa na Barbielandia, onde todas as Barbies já lançadas vivem. O mundo rosa e perfeito, as Barbies convivem, trabalham e festejam juntas. Os Kens fazem de tudo para chamar atenção das suas respectivas Barbies. Um mundo de matriarcado, talvez? Percebe-se que as mulheres vivem confortavelmente neste ambiente, elas apenas se preocupam em fazer seus trabalhos e curtir.


Porém, o problema começa quando a Barbie Estereotipada, a nossa querida Margot Robbie, começa a ter pensamentos de morte, celulite e seus pés ficam chatos, encostados no chão. Ao consultar a Barbie Estranha (para quem não sabe é aquela Barbie que a gente brinca demais e ela acaba ficando com cabelo cortado, cara pintada e abrindo espacate), a Barbie Estereotipada vem ao mundo real para achar a criança que estava brincando com ela e consertar essa situação. O seu Ken acaba a seguindo.





Ao chegar no mundo real, o choque de realidade bate logo para a Barbie. Ela recebia comentários não muito agradáveis de homens. Enquanto ela ficava desconfortável pelos “elogios”, o Ken não sentia o mesmo impacto da sua namorada. Isso já demonstra um pouco do assédio diário que as mulheres enfrentam nas ruas, seja por olhares, seja por piadinhas desnecessárias.


O maior impacto da Barbie vem ao descobrir que o mundo real não possui mulheres no comando, apenas homens. Até mesmo em empresas em que o produto desenvolvido tem como público alvo as mulheres, quem comanda tudo são os homens. Diferente da boneca, o Ken se encanta ao descobrir que nesse “mundo invertido” é o lado masculino que possui os melhores cargos, salários e, principalmente, o respeito. Ele descobre o patriarcado e se encanta, querendo esse mesmo privilégio, que não possui na Barbielandia, para ele e os outros Kens. Levando a base do patriarcado para a Barbielandia e instaurando no mundo rosa como se fosse um “deus”.


Os Kens fazem uma lavagem cerebral nas Barbies, transformando-as em “suas mulheres”. Elas deviam servir aos Kens. Isso é mais uma representação clara do patriarcado, enquanto os homens devem ser aqueles que prosperam, as mulheres têm apenas a obrigação de servir ao seu marido, cuidar da casa e procriar. Ser bela, recatada e do lar, submissa à figura masculina. Lembra também um pouco do conteúdo redpill compartilhado nas redes sociais, por homens. Para esse grupo, a figura feminina não pode se divertir, não pode ter um bom emprego e muito menos deve ser uma mulher “do mundo” ou “evoluída”. Para todos os sentidos, a mulher é odiada nesse discurso espalhado no meio virtual.





Outro ponto muito importante dentro do filme é a relação mãe e filha. Glória, mãe da Sasha, era a responsável por estar deixando a Barbie fora do padrão, foi ela que trouxe a boneca para o mundo real e também foi ela que ajudou as Barbies a recuperarem a Barbielandia. Porém, o que mais chama atenção dentro do filme é a forma como as mães e as filhas foram retratadas. Durante a infância brincar de boneca com nossa mãe é algo diário e maravilhoso, mas com o passar do tempo e a chegada da adolescência, esses momentos vão se perdendo até não acontecerem mais. Até que as meninas trocam as bonecas pelos celulares e as conversas de casinha se tornam outras. A Sasha é o maior exemplo, acredito que toda jovem adulta nos seus vinte e poucos anos, ou adolescentes, se sentiram representadas pela personagem.


O que realmente impacta é a Glória, ela representa todas as mães de meninas. A gente acaba se esquecendo que nossas mães também já foram crianças e adolescentes, esquecemos que ao se tornar mães, elas param a vida para verem suas filhas crescerem e evoluírem. Elas também já brincaram com a Barbie e também sentem a pressão absurda que a sociedade coloca em cima das mulheres. Algumas mães sacrificaram algo para dar uma Barbie a sua filha. São questões que passam despercebidas e o filme nos faz pensar.


Enfim, cada vez em que se assiste Barbie, um novo detalhe é percebido. Contudo afirmo que este filme não é infantil e é muito mais do que imaginávamos que fosse. Também concluo que é uma produção feita de mulher para mulher, o lado feminino foi abraçado por Greta Gerwig e Margot Robbie.


Assistam a Barbie, se possível mais de uma vez.


 
 
 

Comments


© 2022 por Podcast Depois dos Crédtios

bottom of page