"Traga Ela de Volta" mostra o luto como verdadeiro monstro no novo longa dos irmãos Philippou
- podcastdepoisdoscr
 - 26 de ago.
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Novo filme dos irmãos Philippou mistura horror psicológico e violência gráfica em uma história angustiante, pesada e surpreendentemente emocionante.
Por Luan Feitosa

Após o sucesso de Fale Comigo, os irmãos Philippou retornam ao terror com Traga Ela de Volta (Bring Her Back), lançado no dia 21 de agosto de 2025 nos cinemas, o filme aprofunda ainda mais o estilo cru e perturbador que marcou a estreia da dupla. Antes eles exploravam jovens em situações inconsequentes, agora o foco é em personagens reais, frágeis e marcados pelo luto, uma escolha que torna a experiência mais madura e angustiante.
Após a morte do pai, os irmãos Andy (Billy Barrat) e Piper (Sora Wong) são levados para um lar adotivo, onde devem permanecer até que Andy atinja a maioridade e possa cuidar da irmã. Nesse tempo eles são adotados por Laura (Sally Hawkins), uma mulher que aparenta ser acolhedora, mas que divide a casa com um garotinho enigmático, Oliver (Jonah Wren Phillips). É nesse cenário que a narrativa se aprofunda em um pesadelo marcado por luto, obsessões, violência e rituais macabros. Esse fio condutor sustenta a história e dá profundidade emocional ao horror.
Visualmente, temos de um lado, há a atmosfera intimista e silenciosa, típica do terror psicológico que remete a títulos como A Bruxa ou Hereditário. De outro lado, surge a brutalidade do horror gráfico, com cenas de violência explícita que ficam gravadas na mente do espectador, em especial uma sequência envolvendo uma faca, que é difícil de esquecer. Além disso, gravações de rituais demoníacos, com rostos esbranquiçados e expressões de animais, intensificam a sensação de desconforto e criam um universo perturbador ao redor dos protagonistas.
O mérito dos diretores está em evitar um dos vícios do gênero, decisões ilógicas que tiram o público da imersão. Em Traga Ela de Volta, cada atitude dos personagens encontra justificativa plausível no enredo, reforçando a coerência e a naturalidade da narrativa. A condução é feita para gerar tensão contínua, desde cedo o espectador sente que algo terrível vai acontecer, e a sensação só cresce até o desfecho.
O clímax entrega a escalada do macabro e um momento de grande carga emocional, capaz de despertar empatia até mesmo por figuras que cometeram atos questionáveis. A última cena é arrebatadora e confere ao longa um fechamento poderoso, daqueles que permanecem na mente muito tempo depois da sessão. Uma mãe que fez de tudo para trazer sua filha falecida de volta a vida, cometendo crimes horríveis para tentar realizar seu desejo de vê-la novamente.
Pesado, angustiante e sem alívio cômico, Traga Ela de Volta é um filme que sufoca e provoca. Não se trata de um terror feito para divertir, ele com certeza é daqueles feitos para impactar e emocionar. Evoluindo todos os aspectos de Fale Comigo, os irmãos Philippou entregam aqui um dos terrores mais marcantes do ano, um retrato cruel do luto, da dor e das forças obscuras que se alimentam deles.
Nota do crítico: cinco estrelas do Letterboxd



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