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Última temporada de "Round 6" encerra os jogos com queda de qualidade (COM SPOILERS)

  • podcastdepoisdoscr
  • 5 de jul.
  • 3 min de leitura

Por Willian Lira

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

A terceira e última temporada de “Round 6” chegou à Netflix, encerrando a produção sul-coreana que surpreendeu o mundo em 2021 e gerou discussões sobre até onde o individualismo e a ganância podem levar o ser humano.


Com o sucesso da primeira temporada, a dúvida nunca foi se, mas quando teria continuação. Em 2024, a Netflix confirmou duas novas temporadas. A segunda estreou em dezembro do mesmo ano e dividiu opiniões, especialmente pelo seu final que, apesar do bom clímax, desagradou pela sensação gigante de história interrompida no meio.


A última temporada começa exatamente onde a segunda parou, com a rebelião de Gi-hun sendo frustrada e com ele abalado com a morte de seu amigo. Enquanto isso, o detetive Jun-ho segue em busca da ilha dos jogos sem saber que o capitão do barco é um traidor.


O retorno ao cenário após o ato de rebeldia parecia prometer que a dinâmica entre jogadores e soldados seria totalmente afetada, mas nada realmente drástico acontece e as coisas voltam à estaca zero.


Após tudo o que passou, Gi-hun perde seu propósito e vira praticamente um morto vivo que pouco fala e apenas faz o que é obrigado. Nos dois primeiros episódios, isso ainda funciona, mas ao longo da temporada vai cansando e o personagem perde a forte presença que tinha anteriormente. Por mais que seja condizente, é triste vê-lo se tornar um coadjuvante de sua própria história.


Os demais personagens também carecem de um melhor desenvolvimento para serem atraentes. A exceção é Hyun-jo (jogadora 120), cuja participação e a vontade de ajudar sempre foram cativantes e mantiveram a personagem interessante de acompanhar. Em contrapartida, a Seon-nyeo (jogadora 044) irrita com seus momentos ouvindo vozes, e Jeong-dae (jogador 100) ocupa tempo de tela demais com suas trapaças. Não que isso seja um problema no contexto da série, mas ele não é um personagem que o público ama odiar.


A narrativa dos episódios se torna cansativa com muitas situações exageradamente prolongadas. As cenas de votação exemplificam isso: pausam a trama principal e perde tempo em uma votação cujo resultado você já sabe — nada vai mudar. Um problema que vem da segunda temporada e continuou nesta.


O mesmo pode ser dito sobre os jogos, como o “Jogo da Lula nas Alturas” que ocupa quase uma hora entre os episódios 5 e 6 com muita conversa e pouca ação. Mesmo que o público possa se pegar rindo de nervoso em alguns momentos, como no jogo de pular corda, nada chega perto do impacto emocional do jogo da bolinha de gude da primeira temporada.


Ainda sobre a narrativa arrastada, temos o detetive Jun-ho em busca da ilha. Desde a segunda temporada, essa trama avança lentamente. A revelação de que o capitão Paak era um traidor foi algo muito segurado pela série, mesmo sendo evidente desde suas primeiras aparições que havia algo estranho nele. O público já estava preparado para traições depois do plot twist do jogador 001 na primeira temporada.


No final, toda a trama se mostra totalmente dispensável. O personagem estava focado em achar a ilha e reencontrar seu irmão, o Front-Man. No entanto, ele passa 90% do tempo dentro do barco, apenas discutindo sem que nada relevante venha dessas cenas. E então, quando ele finalmente chega na ilha, o personagem entra sozinho e se depara com os locais vazios, pois os jogadores já estavam mortos, os soldados e VIPs já tinham ido embora e a ilha estava explodindo. Quando encontra seu irmão, não há um diálogo sequer entre os dois. Toda essa busca ao longo de 12 episódios resulta em absolutamente nada, pois ele não prende ninguém e não coleta provas.


Dos pontos positivos desta temporada, temos a inclusão da bebê, filha da jogadora 222, que traz novos questionamentos ao roteiro. A pequena criança, mesmo sendo totalmente dependente e incapaz de votar, é transformada em uma jogadora. Essa situação provoca reflexões sobre indivíduos que, apesar de não escolherem onde estão ou as condições em que vivem, são obrigados a lutar pela sobrevivência. É uma abordagem nova e interessante para a série que estava reciclando temas antigos. O design de produção segue ótimo, sempre apresentando cenários interessantes, destaco o labirinto do jogo Esconde-Esconde. Também destaco a performance dos atores Lee Jung-jae (Gi-hun) e Lee Byung-hug (Front-Man), que conseguem transmitir fortes emoções mesmo com poucas falas.


“Round 6” começou como uma série perfeita, equilibrando humor, drama, violência e críticas sociais de forma espetacular. A segunda temporada trouxe bons momentos, mas começava a dar sinais de desgaste. Na terceira, a queda de qualidade continuou e até as boas cenas acabam sendo ofuscadas por uma trama arrastada e um final insatisfatório.


Para essa temporada, eu dou uma nota 4. Para a série como um todo, nota 7. Se tivessem parado na primeira, seria um 10.

 
 
 

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