"A Hora do Mal" prende com seu horror que vai além do sobrenatural
- podcastdepoisdoscr
- 14 de ago.
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Um suspense psicológico que desafia o gênero e mergulha nos medos, traumas e segredos sombrios de uma pequena cidade.
Por Luan Feitosa

O longa “A Hora do Mal” que foi lançado em 7 de agosto de 2025 não é um terror convencional, ele se apoia no desconforto que vem da incerteza e dos detalhes que vão surgindo lentamente. O desaparecimento das 17 crianças numa cidadezinha aparentemente comum funciona como o ponto de partida para explorar não só um mistério, mas o lado sombrio que pode existir dentro das pessoas e da comunidade.
O filme é fragmentado, mostrando as perspectivas da professora Justine (Julia Garner), do policial Paul (Alden Ehrenreich), do pai Archer (Josh Brolin) e do único menino que não desapareceu, Alex (Cary Christopher). Essa quebra de narrativa faz com que o público precise montar o quebra-cabeça junto, aumentando a tensão, é um risco narrativo que dá certo, porque cada personagem carrega suas próprias dores e segredos, e essas camadas vão se revelando aos poucos.
Um dos momentos mais fortes para mim foi a interação entre Justine e Alex, que tem uma conexão curiosa e desconfortável, deixando no ar questões sobre inocência perdida e confiança abalada. Já Archer, desesperado atrás de respostas, representa aquele lado do ser humano que se agarra à esperança mesmo quando tudo parece ruir. A atuação de Brolin é visceral, mostrando um homem comum diante do incomum.
A personagem Gladys (Amy Madigan) é uma presença inquietante, não está claro o que ela representa de imediato, mas com o desenrolar, ela se torna uma espécie de metáfora para os traumas não resolvidos, os vícios e o mal que pode se espalhar silenciosamente em uma comunidade, corroendo as relações humanas. É como se o filme dissesse: às vezes o verdadeiro horror está dentro da casa, e não fora dela.
Visualmente, o filme usa a iluminação e o silêncio de forma brilhante, criando momentos de angústia sem precisar de jump scares, um silêncio incômodo que pressiona mais que um grito repentino. A cena em que as crianças aparecem enfrentando o mal que ronda Gladys é impactante não só pelo simbolismo, mas também pela direção que equilibra o terror e a esperança. A vilã do filme está conquistando o público, tanto que até já está sendo planejado um filme da “Tia Gladys”.
O final, embora deixe algumas perguntas no ar, fecha a história com uma sensação agridoce, que conversa com o público que gosta de refletir depois dos créditos. Não é um desfecho tradicional, e talvez não agrade quem busca respostas fáceis, mas para mim, esse é o ponto alto, a ousadia de desafiar o espectador.
No fim, “A Hora do Mal” é um filme que usa o terror para falar sobre medo, perda, e a forma como as feridas do passado podem assombrar o presente. Se você procura algo que vá além do susto imediato e que traga uma carga emocional e psicológica, vale cada minuto. Você vai ficar preso do início ao fim. Só não vai assistir ele às 2:17 da manhã em.
Nota do crítico: cinco estrelas do Letterboxd
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