Superman triunfa e renova a esperança no universo DC
- podcastdepoisdoscr
- 15 de jul.
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Filme acerta ao resgatar a essência do herói e aposta em um universo colorido e fiel aos quadrinhos.
Por Willian Lira

Depois de tentativas frustradas de estabelecer um universo cinematográfico da DC, iniciadas por Zack Snyder em “O Homem de Aço” (2013), a franquia inicia uma nova fase sob o comando de James Gunn. O diretor, conhecido pela trilogia “Guardiões da Galáxia” da Marvel Studios, assume agora a missão de resgatar a confiança na DC nos cinemas e para isso traz de volta o herói que inaugurou o gênero de super-heróis, trazendo um Superman mais fiel às origens e ao espírito otimista do personagem com um filme que devolve ao herói seu papel clássico: um símbolo de esperança.
Na trama, Superman intervém em um conflito entre dois países, o que desencadeia não só ataques à Metrópoles, mas também uma crise na imagem pública do herói, quando parte da população começa a duvidar das boas intenções do herói. Enquanto ele tenta equilibrar sua herança kryptoniana com seu lado humano, Lex Luthor arquiteta sua queda a qualquer custo.
Primeiramente, este não é um filme de origem. O Superman já é conhecido pela sociedade há três anos, e os eventos se desenrolam como se fossem a continuação de uma história em andamento. Essa opção narrativa pode causar estranhamento em quem espera uma introdução mais convencional, podendo soar como um episódio de uma série da qual não vimos o episódio anterior, mas acredito que a sensação de “pegar o bonde andando” favorece um ritmo mais dinâmico e direto ao ponto, sem gastar preciosos minutos explicando o que até a pessoa menos fã já sabe.
O roteiro aborda temas atuais e ideias que diferem das HQs, mas não aprofunda nenhum deles e, embora não reinvente o gênero, se destaca pela construção na relação dos personagens e pelo universo vibrante e cativante. Gunn abraça a essência dos quadrinhos, criando um filme que não tem medo de ser colorido, exagerado e fantasioso, com momentos que remetem tanto ao filme clássico vivido por Christopher Reeve quanto ao clima da animação “Liga da Justiça”, sendo capaz de manter um grande sorriso no espectador em diversos momentos.
A direção leve mantém um ritmo fluido, com boas escolhas de enquadramentos próximos que humanizam os personagens, aproximando o espectador de suas emoções e câmera lenta para dar destaque em momentos bem específicos. Nas cenas de ação, Gunn mantém sua assinatura criativa, sem exagerar nos cortes, permitindo que a ação seja totalmente compreensível, com destaque para a batalha entre Superman e um monstro gigante, além de uma sequência dinâmica envolvendo o Senhor Incrível.
No elenco, David Corenswet entrega um Superman carismático e convincente, digno de figurar em um top três melhores interpretações do personagem. Tudo o que se espera do personagem está ali e facilmente você simpatiza com o herói. Rachel Brosnahan se destaca como Lois Lane, com forte presença, principalmente com seu lado jornalista, que a atriz soube diferenciar a Lois como pessoa e como profissional. Já Nicholas Hoult surpreende como Lex Luthor, interpretando um vilão frio, que não mede esforços para conseguir alcançar seus objetivos, cuja ameaça não está na força física, mas na inteligência e na inveja que sente. Mesmo não tendo um estudo profundo de personagem, sua motivação simples funciona bem dentro da proposta do filme e a interpretação do ator foi o suficiente para torná-lo um bom vilão.
Já o time de heróis coadjuvantes, a Gangue da Justiça — formada por Lanterna Verde, Mulher-Gavião e Senhor Incrível — trazem momentos engraçados e geram muito carisma mesmo alguns com uma personalidade muito séria ou convencida. Outro grande destaque é o cachorro Krypto, que rouba todas as cenas em que aparece com uma mistura de fofura e força desproporcional.
Por outro lado, o núcleo de personagens no Planeta Diário tem pouca relevância na trama. Embora Jimmy Olsen tenha algumas boas piadas, sua participação, assim como a de outros personagens, soa excessiva no terceiro ato, uma vez que nada realmente justifica a presença de todos aqueles personagens durante o clímax, apenas inflando o filme que já é cheio de personagens.
No geral, “Superman” é um retorno vibrante e fiel ao espírito das HQs. Colorido, otimista e repleto de boas cenas de ação, o longa aposta no seguro, mas acerta em cheio no que se propõe: devolver ao público o Superman como símbolo máximo da esperança. Não entrega nada de novo, mas cumpre com competência o papel de recomeço para o universo DC.
Nota: 8,5.
O filme conta com duas cenas pós-créditos, que fogem das tradicionais promessas de novos filmes e servem como momentos de humor e simbolismo.
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